terça-feira, 18 de junho de 2013

JUIZ DE FORA SE DESPEDE DE JOÃO PIRES

18 de Junho de 2013 - 18:41

Amigos se despedem de um dos gigantes da história do Tupi.

Por Wallace Mattos

Amigos, familiares, ex-companheiros e dirigentes do Tupi começaram a se despedir de João Pires nesta terça-feira (18). Aos 72 anos, ele morreu na última segunda-feira em acidente automobilístico no Km 73 da BR-040, próximo a Petrópolis, quando ia de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro. O velório do ex-jogador do Alvinegro de Santa Terezinha, que estava previsto para acontecer no Palácio Barbosa Lima, sede da Câmara Municipal, ainda pela manhã, acabou sendo transferido para a Capela 2 do Cemitério Parque da Saudade, e começou somente no início da noite desta terça por conta do atraso da chegada do corpo à cidade. O sepultamento do ex-atleta, uma das figuras mais emblemáticas da história do Carijó, acontece nesta quarta, às 9h, na mesma necrópole na qual ele está sendo velado.
Companheiro de João Pires no time mais famoso do clube juiz-forano, que em 1966 ficou conhecido como Fantasma do Mineirão, o ex-ponta-esquerda Moacir Toledo, desde o fim da última tarde, estava no Parque da Saudade e se lembrou da generosidade do colega. "Perdi um amigo, um companheiro e um irmão mesmo. O João ajudou muita gente, inclusive a mim, dentro e fora de campo. Passou uma vida dedicada ao Tupi, também ajudando em tudo que podia. Estava ainda há pouco olhando uma foto na qual estava a linha de ataque do clube com João, eu, Vicente, Francinha e Eurico. Agora só ficou eu. Fica o exemplo e a saudade", disse o ex-jogador.
Por causa da morte do ícone da história carijó, a única atividade do grupo profissional nesta terça, um treino físico à tarde, acabou sendo cancelada. Alguns atletas estiveram no Parque da Saudade e vão levar consigo na memória a imagem de um grande carijó. "Vamos ter conosco a melhor imagem possível do João. Um cara muito sábio, que sempre deu bons conselhos para nós e um exemplo de torcedor, que vestia a camisa do Tupi sempre", disse o atacante Ademilson.
Jornalista esportivo e atual gerente de marketing do Supermercados Bahamas, Nelson Júnior lamentou a falta que fará uma figura tão dedicada ao esporte em Juiz de Fora. "Fica a imagem de uma geração que não volta mais. Uma geração que fez a história não só do futebol, mas do esporte e dos clubes juiz-foranos. Isso que tenho mais lamentado na passagem de uma pessoa como o João. A gente não vê outras pessoas que vão fazer o Tupi como ele fez. A dor do esporte fica maior nesse sentido. A dor do amigo, do companheiro, a gente vai um confortando o outro e as coisas vão chegando no lugar. Mas para nós que amamos os esportes, não estamos vendo alguém para substituir pessoas como o João Pires", considera. 
Vida no Tupi
João Pires foi um dos maiores jogadores da história centenária do Tupi. Ponta-direita, começou como profissional do clube aos 16 anos. Seu momento mais marcante com a camisa carijó aconteceu em 1966, quando foi um dos comandantes em campo da equipe que ficou conhecida como Fantasma do Mineirão por conta das vitórias em sequência sobre América-MG, Atlético-MG e Cruzeiro, jogando em Belo Horizonte, no Gigante da Pampulha.
Naquele mesmo ano, ao lado dos companheiros carijós, João enfrentou também a Seleção Brasileira, que realizava preparação para a disputa da Copa do Mundo da Inglaterra em Caxambu. A convite do técnico do Brasil, Vicente Feola, por conta dos feitos do Fantasma do Mineirão, o Tupi disputou jogo-treino com os craques canarinhos, empatando de 1 a 1 com o escrete nacional.
Além de ex-jogador, João foi presidente do Alvinegro local no biênio 1991/1992. No período, chegou a acumular as funções de mandatário do clube e treinador. Gostava de dizer que o Tupi era a continuação de sua vida e que nunca abandonaria a agremiação. Atualmente, ocupava o cargo de vice-presidente administrativo, frequentando diariamente o Carijó e corriqueiramente os treinamentos da equipe profissional.
No último dia 21 de abril, no intervalo da partida entre Tupi e Cruzeiro válida pela última rodada do Campeonato Mineiro, disputada no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, a diretoria do clube juiz-forano prestou homenagem a pessoas que fizeram parte da equipe de 1966. Entre elas estava João Pires, que recebeu do presidente Áureo Fortuna uma camisa especial do Carijó com o número 66 às costas, em alusão ao ano glorioso do surgimento de uma das mais conhecidas histórias do futebol juiz-forano em todo o país.

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