sábado, 21 de setembro de 2013

A SAÚDE EM JUIZ DE FORA ESTÁ DOENTE

21 de Setembro de 2013 - 07:00

Por Tribuna


"Urgência e emergência não têm mais vez. O atendimento aqui no HPS (Hospital de Pronto Socorro) agora é só na base da ocorrência. Chegou com a polícia, algemado, ou na ambulância, aí sim é atendido", o desabafo do auxiliar de caminhão Hans Mesquita Estellai, 24 anos, que aguardava nessa sexta-feira (20) atendimento para a ortopedia, resume o drama de quem depende de atendimento no setor. A carência de médicos não é mais novidade. Mas nessa sexta-feira pacientes que dependiam de assistência nas especialidades de ortopedia e traumatologia precisaram esperar por mais de oito horas e muitos desistiram.
"Um rapaz caiu do andaime e foi embora para casa sem atendimento. A outra foi com a filha para casa com o pé torcido. Estamos aqui sem almoço, sem nada. Só Deus para ter misericórdia da gente", relatou, no final da tarde, o pedreiro Sebastião Luiz dos Reis, 42 anos, que estava na unidade desde as 11h. A dona de casa Daiana Paula da Silva, 27, também reclamou: "Minha filha tem 10 anos e chegou aqui sentindo dor. Falaram que não tinha médico, depois que teria que ser atendida no PAI (Pronto Atendimento Infantil), mas que não havia ambulância. É um descaso."
"Meu marido cortou o pulso com uma máquina policorte. Fomos na Regional Leste, e só fizeram curativo. Viemos para cá às 9h30, pois estava inchando. Ele só foi chamado agora, às 16h. Disseram para a gente que não havia médicos, depois que estavam em horário de almoço", contou Maria José Fernandes, 59. O pedreiro Jair Martins, 43, completou: "Cheguei aqui sangrando, perdendo sangue depois de cortar a perna com uma maquita. E tive que ficar aqui fora aguardando ser atendido, desde 10h30. Está difícil precisar de saúde."
Mesmo com febre e sentindo fortes dores na perda, o motorista aposentado Carlos Alberto Pires de Almeida, 57, não conseguiu ser atendido pelo especialista. "Sou acidentado, tenho parafusos nas pernas e estou com muitas dores e febre. Fui na UPA em Benfica e não tinha médico. Vim para cá para ser atendido e não tinha também. Estou passando pelo atendimento com um cardiologista, pois não tem ortopedista. Aqui me deram um encaminhamento para eu procurar um especialista na unidade de Santa Cruz, ou seja, só daqui uns meses vou ver qual é meu problema."
Subsecretária de Urgência e Emergência, Adriana Fagundes, confirma a situação. "A ortopedia vive situação de emergência. No ano passado, houve o mesmo problema com a pediatria. Agora não há profissionais da especialidade. Além disso, em menos de uma semana, tivemos duas perdas. Um ortopedista faleceu e outro pediu demissão. A Prefeitura reconhece a situação, mas não tem medido esforços para mudar o quadro. O concurso público tem sido a prioridade para minimizar a rotatividade, mas estamos com inscrições abertas até segunda-feira para o processo seletivo para contratação excepcional de médicos para urgência e emergência, incluindo ortopedistas e traumatologistas."
As inscrições podem ser feitas no site www.pjf.mg.gov.br. A carga horária é de 20 horas semanais, e o piso mínimo é de R$ 5.580,49 para o setor.

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