sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Passagem de Comando do 21º GAC – Palavras do Comandante

         

- Excelentíssimo Senhor General de Exército Carlos Aníbal Pacheco;

- Excelentíssimo Senhor General de Divisão Antônio Hamilton Martins Mourão, Vice Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército;
Ao cumprimentá-los eu manifesto a minha alegria em receber em nosso quartel todos os militares da reserva e da ativa aqui presentes:

        - Tenente Dálvaro José de Oliveira, veterano da Força Expedicionária Brasileira, que muito me orgulha com a sua presença,

         - Autoridades civis, Senhoras, Senhores, meus amigos e familiares,

      - Integrantes do 21º Grupo de Artilharia de Campanha, Grupo Monte Bastione, BOM DIA !

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Citando o Salmo escrito por Salomão, inicio minhas palavras expressando o meu sentimento de profunda gratidão ao Senhor dos Exércitos por ter, por meio de sua Maravilhosa Graça, me proporcionado sabedoria e saúde para chegar a este dia em que concluo a mais gratificante missão que recebi na minha vida como soldado: comandar o Grupo Monte Bastione!

         Desde o dia em que eu decidi pela escolha da Artilharia como a minha Arma no Exército Brasileiro, há vinte e sete anos, fui, aos poucos, sendo lapidado pelos meus chefes e instrutores para o exercício do comando de um Grupo de Artilharia. As noites frias no terreno, apontando baterias, lançando linhas telefônicas, realizando trabalhos topográficos, calculando elementos de tiro e observando seus efeitos nos alvos, forjaram a minha têmpera de Artilheiro de Campanha, em cujo terreno permaneci por 16 anos de minha vida como oficial. Aos chefes que me ensinaram pelo exemplo e elevada competência eu também agradeço por terem me permitido chegar até aqui bem preparado nos mistérios da Poderosa Artilharia.

Durante 712 dias eu tive a honra de comandar um GAC. Hoje chego ao final dessa marcha convicto de que me foi dado mais do que eu merecia.

 Agradeço ao Senhor General Enzo Martins Peri, Comandante do Exército, por ter confiado a mim o comando da mais antiga e tradicional unidade de artilharia do Brasil, a qual carrega em seu Estandarte o símbolo da Força Expedicionária Brasileira e o nome de batalhas travadas na Itália.

 Comandar o 21º GAC – unidade que realizou o Primeiro Tiro de Artilharia da FEB - foi uma grande missão pela dimensão da honra a mim conferida somada às enormes responsabilidades que assumi.

Somente com o leal apoio dos meus chefes foi possível bem cumprir as missões impostas ao nosso grupo. Apresento meus agradecimentos aos Generais Adriano e Modesto, no Comando Militar do Leste, ao General Abreu, no Comando da 1ª Divisão de Exército e ao General Faillace, no Comando da Artilharia Divisionária Cordeiro de Farias, meu comandante imediato. Suas presenças, orientações, exemplos e compreensão materializam a base de uma confiança que reforçou, nesses dois anos, a minha crença nos valores do Exército de Caxias. Muito Obrigado!

Nesta unidade, em cujo pátio se encontram Caxias e Rio Branco, o Duque e o Barão, muitos heróis do passado – Floriano, Deodoro, Rondon, Vilagran Cabrita, dentre outros - nos deixaram um legado de vitórias. Mas os heróis do presente encontram-se á nossa frente, perfilados e armados, prontos para defender a Pátria, como juraram perante a Bandeira do Brasil. A esses heróis tenho outra forma de agradecer!

Meus Comandados!

Agradeço a cada um de vocês reafirmando o meu compromisso à Bandeira e a minha fé em Deus. Procurei “tratar com bondade os meus subordinados”, agradeço-lhes por terem me “respeitado como superior hierárquico” e peço ao bom Deus que abençoe a cada um dos meus comandados, desde o meu fiel, sincero e competente Sub Comandante, o Major Pimentel, até o mais jovem soldado incorporado este ano. Foi uma honra comandá-los. Foi uma benção poder chamar-lhes de amigos. Cada oficial, subtenente, sargento, cabo ou soldado aqui em forma representa uma parcela importante das realizações do 21º GAC nos últimos dois anos. Sem o suor, o sangue, as lágrimas e os sorrisos de vocês não teria sido possível chegar até aqui. Compartilhamos muitos momentos felizes e nos apoiamos mutuamente quando foi necessário unir forças para superar as maiores dificuldades que enfrentamos juntos. Somente esses bravos militares que estão em forma compreendem perfeitamente a profundidade dessas palavras, pois sabem muito bem a força dos laços que nos uniram como soldados em alguns momentos difíceis.

Ser o comandante no aquartelamento do Forte Barão do Rio Branco, no qual trabalham homens tão valorosos, é um privilégio ainda maior pelo fato de ter o mar como fonte de inspiração, os pássaros como trilha sonora e as montanhas como cenário do nosso dia a dia e como testemunhas da história do Brasil. Obrigado, meu Deus, por tantas belezas reunidas em um único local.

Estar aquartelado no bairro de Jurujuba permitiu a mim, comandante do 21º GAC, a felicidade de conhecer e conviver com pessoas extraordinárias: sábios e humildes pescadores, antigos e jovens moradores do bairro, no qual fiz amigos para sempre. Muitíssimo obrigado, meus amigos que me apoiaram no comando da unidade.

Não seria possível completar essa missão sem o amor de minha esposa Karla e de minha filha Júlia. “O amor é paciente, é benigno, não se ensoberbece, não procura os seus interesses, não se exaspera. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Confiante nessas promessas, vi a Palavra de Deus se fazer testemunho na vida da minha família durante o meu comando. Sou grato a minha esposa pela compreensão das minhas ausências, por me levantar quando necessário, por me ouvir, por me aconselhar, por me amar, por tudo.  E digo “Muito Obrigado” à minha filha por ter emprestado seu pai ao 21º GAC para comandá-lo e por ter participado de cada vitória, com as sugestões e ideias próprias da juventude. 

Meus Comandados,

Alto! Cessar Fogo! Mudança de posição! As missões de tiro e todas as demais já foram cumpridas e sigo para novos desafios. O Tenente Coronel Simão, meu substituto, como bom Artilheiro, já está atento e pronto para o combate.


Caro Simão,

O nosso Exército o selecionou pela sua capacidade profissional e tem plena confiança na sua competência. Unindo tudo isso à lealdade desta tropa e à misericórdia do nosso Deus, seu comando será coroado de êxitos. Nossos antecessores, muitos aqui presentes, entregaram a nós uma unidade valorosa, bem preparada para o combate e um aquartelamento bem cuidado. Agradecendo aos antigos comandantes do 21º GAC, desejo a você meus sinceros votos de sucesso. Que as granadas sejam lançadas pela Poderosa Artilharia sempre pelas trajetórias exatas nos alvos levantados pela topografia. Que Deus o ilumine e guarde!

         Já sentindo saudades do cheiro da pólvora das nossas cargas de projeção e da brisa do mar neste quartel, despeço-me do 21º GAC e do Forte Barão do Rio Branco.
          
         Bastione!


(a tropa e as montanhas respondem: Artilharia! Brasil!) 


CEL ART LUCIANO BATISTA DE LIMA

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